quarta-feira, 24 de junho de 2009

Carta Aberta do DCE/UFG à Comunidade Universitária

Estamos em época de consulta para a Reitoria da nossa Universidade, e apesar de termos apenas uma chapa concorrendo, nós do DCE/UFG queremos trazer contribuições ao debate. Antes de tudo devemos relembrar que um de nossos eixos de atuação é a luta por mais democracia na universidade e que infelizmente os moldes desta eleição não são os que queremos. Quando dizemos que está ocorrendo uma consulta é porque independente de quantas chapas se candidatem à Reitoria, o resultado tem que ser aprovado pelo Presidente da República e pelo CONSUNI - Conselho Universitário, estância máxima de deliberação das universidades, onde a representação de estudantes e técnicos-administrativos não é paritária. Vale lembrar que já houveram universidades onde o Reitor foi empossado mesmo sendo o terceiro colocado na consulta.

A atual Reitoria, que é candidata à reeleição, traz entre seus aspectos mais positivos o diálogo, é fato que qualquer C.A. , projetos de extensão e movimentos sociais tiveram acesso aberto à Reitoria. Com o DCE não foi diferente. Compreendendo as limitações que o DCE tem por conta de sua dívida e as dos CA’s pelas poucas fontes de renda, vários eventos foram apoiados pela Reitoria e por suas Pró-Reitorias: Calourada Unificada UFG (2008 e 2009), Ciclo de Debates UFG 2009, V ENUDS (2007), dentre outros eventos acadêmicos. O apoio a Projetos de Extensão, a criação dos cursos de Pedagogia da Terra, Licenciatura Indígena,Direito para beneficiários da Reforma Agrária e a luta pela implementação da TVUFG também figuram entre os aspectos positivos dessa Reitoria. É fundamental garantir a democratização da UFG para atividades do movimento estudantil. Mesmo com todos os embates que tivemos sobre os rumos da expansão da universidade a Reitoria esteve pronta a atender nossas solicitações em nome dos estudantes desta universidade. Ainda assim não estamos apoiando a Chapa dos Professores Edward e Eriberto, por termos visões diferenciadas de projeto de Universidade e pelas questões abaixo elencadas.

Foi justamente questionando os rumos da expansão da UFG que o DCE travou uma batalha, -até judicial para algum diretores/as do DCE - com a Reitoria. Em 2007 a Reitoria desta universidade, após lançar projeto sobre expansão noturna, pôs em discussão a sua adesão ao REUNI. Nós fizemos oposição a este projeto ocupando por duas vezes o CONSUNI, escrevendo um contra-projeto, discutindo as particularidades do REUNI, demonstrando as inconsistências do projeto e finalmente derrubando a espinha central do projeto: os BGAs - Bacharelados em Grandes Áreas. Porém , a Reitoria que nos parecia muito aberta convocou o CONSUNI final para aprovar o REUNI na sede da Justiça Federal. Além de ser em um ambiente fora da universidade, cercearam a entrada de estudantes com a presença de policias federais e militares. Diante disto nós ocupamos o Centro de Seleção, sofremos um processo e pouca coisa da pauta de reivindicações assinada pelo Reitor foi cumprida. Sem nos abater continuamos a luta contra este projeto, suas metas quantitativas, e por uma expansão de qualidade voltada para a comunidade.

Outro embate foi em relação ao UFG Exclui, a primeira versão do programa de “inclusão” da UFG. Em sua primeira versão ele não tinha nenhum tipo de reserva de vaga, era de apenas um ano, dentre outros problemas que em parte foram solucionados em sua versão final, entrando em uso no ano passado na UFG. Mais uma vez tivemos dificuldades em discutir o projeto, muito menos que no REUNI é verdade, e dessa vez mais considerações foram aceitas. Em outros pontos importantíssimos para os rumos de nossa universidade não foi só o DCE/UFG ou o movimento estudantil que foi deixado de fora do debate, ousamos dizer que foi a comunidade como um todo. Um exemplo claro foi sobre a política de segurança da UFG, traduzindo, o uso de crachás e contratação de empresa privada para implementação do sistema. Chegamos a nossas unidades e simplesmente vimos o aviso para que tirássemos fotos e nada mais nos foi explicado. A renovação do contrato com a REAL FOOD e o aumento do RU, se reflete também como um processo fechado, pois não houve discussão com os demais segmentos da comunidade universitária.

É magnífico que a UFG esteja sendo ampliada e em parte reformada, mas antes de qualquer coisa é preciso que se esclareça que as obras feitas como as passarelas, o Centro de Eventos e outras ainda não são verbas advindas do REUNI. Para nós o dinheiro público gasto com obras deve ser para espaços públicos. Entendemos que a prioridade da UFG deveria ser a reforma do RU e não a construção de novas lanchonetes. Não queremos dinheiro público investido em obras a serem exploradas pela iniciativa privada dentro de um espaço público federal.


Fazemos aqui um chamado à Chapa Edward - Eriberto para que se posicionem ao lado do movimento estudantil na luta pela aplicação de 10% do PIB para educação, contra as medidas privatistas do Governo Federal, como a lei das fundações estatais de direito privado, PROUNI, leis que limitam o gasto com servidores públicos e que excluem funções de segurança, transporte e alimentação do quadro das universidades e as parcerias público-privado que fazem da universidade pública um centro de apoio às necessidades de mercado. Entendemos que setor produtivo são os trabalhadores e não empresários , e portanto a UFG deve priorizar medidas que facilitem o desenvolvimento social e não somente o crescimento econômico.

Esta é a nossa pauta mínima para a próxima Reitoria da UFG:


· Aumento do valor e número de bolsas;
· Discussão do caráter da “bolsa trabalho” (permanência), pelo fim da substituição de funcionários por bolsistas;
· Contra a renovação do contrato com a Real Food e pela reestatização do Restaurante Universitário;
· Comprometimento com a contratação de professores em regime de DE – Dedicação Exclusiva;
· Abertura da biblioteca aos domingos;
· Abertura do Campus para eventos culturais no período noturno e fins de semana
· Reforma dos espaços físicos dos CAs e construção de espaço físico para os novos CA’s;
· Paridade nos órgãos colegiados e nas eleições dos cargos administrativos;
· Pelo cumprimento da Lei de Estágios no Hospital das Clínicas;
· Realização de Assembléias Universitárias para nortear as decisões mais importantes da UFG;
· Pela retirada dos processos contra os estudantes que ocuparam o Centro de Seleção em 2007;
· Manutenção das copiadoras sob controle dos CAs;
· Postura clara contra a presença da PM no Campus;



Diretório Central dos Estudantes da UFG
Gestão MobilizAção
2008/2009
“Por uma expansão de qualidade voltada para a comunidade”

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