domingo, 20 de abril de 2008

O Movimento Estudantil vive...

Muito tem se propagado sobre o possível fim do Movimento Estudantil e da atual apatia dos jovens, porém, o que se viu durante todo o ano de 2007, diante da conjuntura imposta pelos decretos de governos estaduais (SP) e federal, foi um reavivamento em âmbito nacional do ME (Movimento Estudantil), até então, tido como "morto" pelos veículos de mídia e sociedade em geral. A bem da verdade, é peciso que se faça uma breve abordagem histórica do Movimento estudantil, pelo menos em seus fatos mais relevantes.

O ME participou ativamente na luta contra a ditadura militar, na Diretas Já, no Impeachment do Collor e em diversas outras mobilizações políticas do país.

Aponta-se que a citada apatia pode ser uma crise de direção, já que não só o ME, mas todos os movimentos sociais atuais passam por um processo de cooptação pela lógica imposta pelo capital.

A atual gestão do DCE – UFG acredita que deve-se fortalecer entidades locais como centros acadêmicos (CA's) e Diretórios Centrais de Estudantes (DCE's), tendo sempre como princípio defender as bandeiras históricas do ME de lutar contra a transformação das universidades públicas em fundações privadas, pela universalização do acesso ao ensino, universidade popular, enfim, em defesa da universidade publica e autônoma.

Na contramão destes princípios, em 2007, o governo Lula lançou o REUNI, programa de expansão das universidades públicas que as precariza. O CONSUNI (Conselho Universitário) da UFG iria votar a adesão ao programa sem aprofundar o debate com a Comunidade Universitária e foi neste momento que o DCE, juntamente aos CA's que tinham uma posição crítica ou de discordância em relação ao REUNI, se mobilizaram ocupando duas vezes o CONSUNI, impedindo as votações do programa do governo.

Em dezenas de outras universidades do país ocorreram ocupações de CONSUNIS e Reitorias, sendo que aqui houve ainda a ocupação do Centro de Seleção, a fim de defender a universidade pública e o tripé que a sustenta: ensino, pesquisa e extensão.

Todas essas mobilizações espalhadas pelo país, trouxeram à tona o Movimento Estudantil forte e combativo que há muito não se constituía como tal por diversos motivos. Seja desde o final da década de 80 com a queda do Muro de Berlim e com ele, como muitos afirmam, a queda das ideologias, o acirramento do capitalismo com a implementação do neoliberalismo em diversos paises e junto com ele, o exercício de alienação feito pela mídia, pelo próprio governo Lula que cooptou parte dos movimentos sociais para seu projeto eleitoreiro de manutenção do capitalismo, pela já anteriormente citada crise de entidades estudantis e com os partidos que até então eram tidos como defensores da classe trabalhadora e agora são vistos por muitos como traidores desta classe, passando por motivos de organização do próprio movimento.

Tudo isso pode ter gerado a tão famigerada apatia ou, quem sabe,a crise do ME que vem sido interrompida gradualmente.

Tal crise também gerou reflexões, e novas formas dos estudantes se organizarem têm surgido. Entende-se hoje que é importante fazer unidades programáticas em torno de pautas que unem os estudantes e levantando as bandeiras históricas do movimento.

Passou-se a pensar também, a respeito da direção, entidades com gestões chamadas horizontais ou colegiadas, onde não é respeitada a hierarquia tradicional de cargos que muitas vezes burocratizou o movimento, para se pensar em gestões onde, de forma organizada, todos contribuem igualitariamente para as lutas pautadas pelo movimento.

A atual gestão do DCE se organiza desta forma e tem, desde sua carta-programa, o compromisso de defender questões mais próximas dos estudantes, como investimentos em bolsa pesquisa e extensão, incentivos aos movimentos sociais na universidade e discutição dos movimentos de cultura.


Mariana Oliveira Lopes
Coordenadora do DCE-UFG Gestão Unidade e Ação

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